segunda-feira, 2 de junho de 2014

Caminhada pela Educação Pública de Qualidade reúne centenas de ‘guerreiros da educação’

Professores saem pelas ruas em protesto e exigindo retomada das negociações
O movimento grevista carona solidária e a Caminhada pela Educação Pública de Qualidade, organizada pelo Sindicato dos Profissionais da Educação Municipal de São Luís (SINDEDUCAÇÃO), na sexta-feira (30), reuniu mais de 300 professores e atravessou a ponte do São Francisco, mostrando que a força e a coesão em torno da causa dos professores ganha, a cada dia, mais solidariedade da população. Durante todo o percurso, os carros buzinavam, respondendo ao apelo do cartaz que dizia “Está indignado? Buzina!”.

A caminhada saiu da Praça da Igreja São Francisco e começou com uma oração de mãos dadas feita pelos professores, familiares e amigos solidários, e foi ganhando adesões ao longo do caminho. A presidente do SINDEDUCAÇÃO, Elisabeth Castelo Branco, pediu a compreensão dos motoristas e da população e explicava à sociedade ludovicense os motivos do movimento grevista e a obstrução da pista e da ponte, durante a caminhada.

“Estamos aqui para tornar pública a situação da educação na rede municipal de ensino de nossa cidade. As escolas não oferecem a mínima estrutura para os alunos, as salas ficam lotadas com 50 alunos por turma, falta até caneta para o professor escrever no quadro, a merenda escolar não tem qualidade. Mas a prefeitura já recebeu mais de R$ 128 milhões do Fundeb e não mostra onde esse dinheiro está sendo aplicado”, denunciou.


Buzinaços e pedidos de panfletos, acenos de apoio aos professores em greve demonstraram, mais uma vez, que o povo de São Luís entendeu que educação de qualidade deve incluir escolas em boas condições estruturais e professores tratados com respeito.

Vários professores juntaram-se à presidente do SINDEDUCAÇÃO, durante o trajeto, levando suas denúncias e indignação à população. Eles denunciaram também que, desde o início do ano, o prefeito não recebe os professores para negociar o reajuste do piso salarial determinado pela Lei Federal 11.738/2008.

O prefeito ofereceu reajuste de 3%, uma proposta nada decente diante do percentual de 8,32% - valor mínimo definido pelo Ministério da Educação, em janeiro. Vale lembrar que o estimado deveria ser de pelo menos 19% e não os rebaixados 8,32% induzidos pelo lobby de governadores e prefeitos.

Nem mesmo o fechamento da via pela prefeitura impediu a manifestação
Barreira e PM impedem subida ao Palácio dos Leões

Ao chegar à cabeceira da ponte, na Avenida Beira-Mar, estudantes e trabalhadores da área Itaqui-Bacanga juntaram-se aos professores em protesto contra a intenção dos empresários de aumentar as passagens de ônibus para R$ 2,70. Eles cobravam a apresentação de planilhas que demonstrassem o prejuízo dos empresários por causa do passe-livre e da meia-passagem aos domingos.
Educadores na Av. Beira Mar

Os organizadores da Caminhada pela Educação Pública de Qualidade haviam sido informados de que poderiam subir a rampa do Palácio dos Leões, sem o carro de som, para chegar em frente à sede da Prefeitura de São Luís, mas os professores foram surpreendidos pela barreira da Polícia Militar, nas proximidades da rampa.

Indignados com o tratamento desrespeitoso, os professores decidiram, então, interromper a passagem de carros na avenida e manifestar ali sua indignação. Centrais sindicais, como a CGTB, participaram da manifestação em apoio aos professores grevistas.

Guerreiros da vitória e da educação

É claro que, em algum momento da luta, os professores sabem que o prefeito terá de baixar armas, manifestar a que veio levado pelas mãos de milhares de eleitores ao trono da gestão municipal, e sentar para negociar. Aí, serão beneficiados tanto quem esteve nas caminhadas pela vitória quanto quem ficou nas escolas furando greve, quem foi passear ou ficou em casa.

Mas há os guerreiros, os que tiram forças de onde não havia, que usam a desculpa da falta de ônibus e se reúnem para lutar, porque acreditam que ainda vale o grito de guerra: “o povo unido, jamais será vencido!”.

Trabalhadores permanecem nas ruas
É o caso do professor João Batista, 66 anos, dez na rede municipal, que foi de moto com o filho e fez questão de estar no exército dos guerreiros da educação. “O que me estimula a estar na luta é a falta de condições de trabalho dos professores, a falta de condições físicas das escolas, de tratamento decente e digno aos alunos e professores, a falta de professores suficientes, os salários defasados porque a prefeitura não quer pagar o piso.

O que estimula a minha presença é a falta de tudo o que precisamos para oferecer um nível satisfatório de educação para o povo maranhense. Senhor prefeito, educação pública de qualidade é a base!!!”, bradou o professor, que diz defender o movimento até as últimas consequências.

Como mesmo ânimo está a professora Edilene Pereira, que foi à caminhada com seus dois filhos, de quatro e cinco anos. “O que me incentiva é saber que toda luta tem vitória. Essa é a minha esperança. Acredito que vale a pena lutar por nossos direitos. Além disso, estou dando exemplo para meus filhos de que devemos lutar por nossos sonhos e pelo que acreditamos”, revelou a valente educador.

O SINDEDUCAÇÃO encerra esta matéria lembrando ao prefeito Edivaldo Holanda Jr. o que disseram os professores durante toda a caminhada: “todo começo há um professor!”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário